Inteligência artificial nas doenças nodulares da tireoide
“Inteligência artificial nas doenças nodulares da tireoide” foi tema do XXI Encontro Brasileiro de Tireoide. Abaixo, alguns destaques dessa aula dada pelo Dr. Erivelto Volpi.
— A inteligência artificial está cada vez mais presente na prática médica, e tem impactado positivamente a avaliação dos nódulos de tireoide.
— Os sistemas disponíveis hoje no mercado são bastante sofisticados e têm uma sensibilidade semelhante à de um operador experiente, e, embora com uma especificidade menor, têm sido utilizados cada vez mais para “segunda opinião” e no treinamento de médicos em formação.
— Detect-1 é a tecnologia a que temos acesso atualmente no Brasil. Ela faz o próprio ultrassom gerar um score de estratificação de risco de malignidade, baseado no sistema TI-RADS selecionado. A interpretação da máquina independe da avaliação do operador, o que é bastante interessante, pois tira o viés médico no seguimento dos pacientes. Quando o paciente consegue ter acesso a esse tipo de tecnologia e fazer o acompanhamento sempre com o mesmo aparelho, ele terá um controle específico, muito mais adequado, ficando menos suscetível aos vieses de interpretação. Essa tecnologia começa a ser disponibilizada em nosso meio, com perspectiva de aumento progressivo nos próximos anos e rápida adoção pelos serviços especializados.
— Outra nova tecnologia que utiliza IA na avaliação dos nódulos de tireoide é o ultrassom tomográfico (tUS), que faz uma renderização de imagens para transformar a imagem convencional do nódulo (2D) numa imagem 3D, permitindo sua avaliação tridimensional. Com isso, é possível ter, além da avaliação de risco de malignidade, uma avaliação volumétrica tanto da parte líquida quanto da parte sólida do nódulo, o que é especialmente importante no caso de acompanhamento clínico. A versão mais recente dessa tecnologia também incorpora o sistema ACR TI-RADS.
— Com essa IA, é possível a avaliação das áreas sólidas e líquidas, o que é interessante no seguimento de pacientes com nódulos benignos de tireoide, sem indicação cirúrgica, e nódulos que são submetidos a ablação por radiofrequência, avaliando em detalhes quais as áreas do nódulo que responderam melhor ao tratamento, além de uma aferição da redução do volume global do nódulo.
— A inteligência artificial é revolucionária e impactará bastante a prática clínica nos próximos anos. No entanto, ela ainda não é superior à avaliação de um operador experiente. Todos os estudos mostram que a IA no controle, na avaliação e na estratificação de risco dos nódulos para a malignidade ainda não é superior a um operador experiente; no entanto, para um avaliador não dedicado ao estudo ultrassonográfico da glândula, esses sistemas de machine learning são bastante efetivos no auxílio diagnóstico.
— Hoje, mais do que uma máquina, é preciso um bom radiologista para nos dizer realmente se aquele nódulo necessita de alguma intervenção maior. E a ultrassonografia 3D é um novo campo de pesquisa, porém ainda sem protocolos estabelecidos.
Erivelto Volpi – Clique para ver o CV Lattes
imagem: iStock
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