Thursday, October 3, 2024
Revista Científica Digital da SBEM-SP


Atuação do hormônio tireoidiano no fígado: a compreensão do mecanismo pode melhorar a saúde humana

Por Laura Sterian Ward , em TIREOIDE , dia 6 de junho de 2024 Tags:, , ,

Durante a conferência “Sinalização do hormônio tireoidiano e o fígado”, que aconteceu durante o XXI Encontro Brasileiro de Tireoide, o Dr. Anthony Hollenberg (EUA) buscou rever os mecanismos pelos quais o hormônio da tireoide afeta processos fisiológicos no fígado, regulando de maneira importante o conteúdo de gordura hepática e a capacidade dele se livrar do colesterol e, portanto, alterar os níveis séricos de colesterol. Mais recentemente, novos medicamentos que têm como alvo a via de sinalização do hormônio tireoidiano no fígado foram aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento da doença esteatótica hepática graças a esses conhecimentos.

Seguem alguns trechos extraídos a partir da aula do Dr. Hollenberg.

— Sabemos que a sinalização do hormônio tireoidiano desempenha um papel crítico no gasto energético, no metabolismo hepático, na função cardiovascular e no metabolismo lipídico. O hormônio da tireoide age de maneira única em diferentes tecidos graças a diferentes receptores (TR). A partir desse conhecimento, desenvolveram-se análogos do TR potencialmente eficazes no tratamento de doenças hepáticas metabólicas.

— O receptor beta 1 do hormônio tireoidiano (TR beta 1) está no fígado, onde regula os lipídios. O receptor alfa tende a estar no coração, nos ossos e no cérebro, e a isoforma beta 2 controla a regulação do TSH.

— Normalmente, o hormônio da tireoide regula os genes de tal forma que, ao aumentar o T3, aumenta-se a ativação de um gene específico, enquanto níveis mais baixos de T3 podem ativar outros tipos de genes. Por outro lado, se há perda das proteínas ativadas, haverá resistência aos efeitos do hormônio tireoidiano. E isso provavelmente explica por que todos temos diferentes pontos de ajuste no eixo da tireoide e por que os níveis de TSH são regulados de forma única em cada um de nós.

— Pacientes com hipertireoidismo têm níveis mais baixos de colesterol LDL, provando a potência do hormônio tireoidiano como regulador do metabolismo do colesterol, regulando a síntese hepática de colesterol, a excreção de colesterol biliar, a expressão de receptores de LDL e a síntese de ácidos biliares. Além disso, fora do fígado, o hormônio tireoidiano regula a absorção intestinal do colesterol e sua excreção fecal.

— Em resumo, o hormônio tireoidiano controla a síntese e a oxidação de ácidos graxos nos hepatócitos, bem como a captação e excreção de colesterol.

— A doença hepática gordurosa não alcoólica e a esteato-hepatite não alcoólica são as doenças mais destrutivas no contexto do fígado e da insuficiência hepática.

— No contexto de outras comorbidades, incluindo diabetes tipo 2, obesidade, resistência à insulina e uma variedade de outros fatores, o fígado começa a acumular muita gordura, originando esteato-hepatite e fibrose, e eventualmente cirrose e insuficiência hepática descompensada. Sua incidência está na faixa de 20% a 30% no mundo desenvolvido.

— Tanto em modelos animais quanto em células humanas, demonstrou-se que o T3 controla o conteúdo lipídico hepático, regulando tanto a síntese quanto a oxidação de ácidos graxos. O T3 pode reverter a fibrose no fígado e parece que isso acontece regulando as vias inflamatórias, bem como as vias imunológicas. Ao imitar as ações do T3, os análogos do TR podem agir especificamente apenas no fígado e ter grande valor terapêutico em humanos.

Colaborou para o texto Dra. Laura Sterian Ward — clique para ver CV Lattes

imagem: iStock

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