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Vitamina D: função pulmonar e prevenção de doenças respiratórias

Por Sergio Setsuo Maeda , em OSTEOMETABOLISMO , dia 29 de outubro de 2020 Tags:, , ,

Muito tem se falado na literatura científica sobre a associação vitamina D e covid-19. No trabalho Reasons to avoid vitamin D deficiency during COVID-19 pandemic, buscamos apresentar uma breve revisão da literatura e discutir, com base em evidências, o papel da vitamina D na função pulmonar e na prevenção de doenças respiratórias infecciosas.

Dados experimentais e clínicos demonstram que a vitamina D tem um efeito fisiológico sobre a função pulmonar e a imunidade inata e adaptativa contra microrganismos. Células do trato respiratório podem produzir vitamina ativa D (calcitriol) e têm seu receptor em seu núcleo.

Chamo atenção no trabalho para os dados experimentais mostrando que a vitamina D induz a produção de peptídeos como catelicidina e defensinas pelas células do sistema imune e ajuda na defesa contra vírus e bactérias. Além disso, a vitamina D diminui a produção de citocinas inflamatórias.

A deficiência de vitamina D pode aumentar o risco de doenças agudas e infecções respiratórias e está associada a maior risco de exacerbação da asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). A evidência atual mostra que indivíduos com níveis muito baixos de 25(OH)D (abaixo de 10 ng/mL) podem ter benefícios adicionais em termos de prevenção de infecções respiratórias e melhora da função pulmonar após a reposição de vitamina D. As melhores doses são as diárias ou semanais; e não houve benefício das doses em bolus na revisão de Martineau et al.

Por causa do metabolismo peculiar da vitamina D, sua deficiência está fortemente relacionada à baixa exposição solar, situação muito comum durante o inverno e a primavera e, especialmente, em algumas populações, como idosos, obesos e aqueles com doenças crônicas, condições também associadas ao Sars-CoV-2 com apresentação mais grave.

Embora o efeito protetor da vitamina D contra a covid-19 grave permaneça especulativo, há razões para recomendar fortemente a suplementação de vitamina D para evitar deficiência severa, especialmente durante essa pandemia, em condições de isolamento social e inverno e menor chance de exposição solar.

Além disso, a suplementação de vitamina D é geralmente indicada para a população em geral devido ao claro benefício para o sistema musculoesquelético, o que já é muito sabido entre nós, endocrinologistas.

As doses de manutenção recomendadas de vitamina D variam de 400 a 2.000 UI/dia, de acordo com as diferentes fases da vida e condições clínicas. Essas doses são suficientes para prevenir deficiência grave e são muito seguras, sem o risco de intoxicação. Portanto elas podem ser indicadas sem a necessidade de mensuração sérica nesse momento.

Os dados em relação às infecções respiratórias reforçam a necessidade de corrigir os níveis da vitamina D, não só do ponto de vista ósseo, mas de outros sistemas. Dados de intervenção com vitamina D em pacientes com covid-19 estão acontecendo e, em breve, mais resultados serão publicados.

Sergio Setsuo Maedaclique para ver o CV Lattes


Referências

1. Santos RND, Maeda SS, Jardim JR, Lazaretti-Castro M. Reasons to avoid vitamin D deficiency during COVID-19 pandemic. Arch Endocrinol Metab. 2020 Aug 28:S2359-39972020005006214. doi: 10.20945/2359-3997000000291.

2. Martineau AR, Jolliffe DA, Greenberg L, Aloia JF, Bergman P, Dubnov-Raz G, Esposito S, Ganmaa D, Ginde AA, Goodall EC, Grant CC, Janssens W, Jensen ME, Kerley CP, Laaksi I, Manaseki-Holland S, Mauger D, Murdoch DR, Neale R, Rees JR, Simpson S, Stelmach I, Trilok Kumar G, Urashima M, Camargo CA, Griffiths CJ, Hooper RL.
Vitamin
 D supplementation to prevent acute respiratory infections: individual participant data meta-analysis.

Health Technol Assess. 2019 Jan;23(2):1-44. doi: 10.3310/hta23020.PMID: 30675873 

imagem: iStock

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