Ecos do CBEM 2022: TSH elevado na obesidade: causa ou consequência?
A alteração da função tireoidiana constatada na obesidade, caracterizada por hipotireoidismo subclínico, também foi tema do 35º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia. Abaixo, algumas observações trazidas pelo Dr. Thiago Fraga Napoli.
A favor da elevação do TSH como fator causal para o ganho ponderal e complicações, advogou-se que ocorreriam alterações funcionais similares às do eutireoideo doente, as quais acarretariam, por menor função hormonal periférica, aumento de pressão arterial, redução metabólica favorecendo acúmulo de gordura e dislipidemia, o que seria um agravante para a doença de base e intensificador de complicações.
Em defesa do TSH elevado como uma consequência da obesidade, argumentou-se que, sim, há um processo eutireoideo-doente-like, levando a um setpoint alterado tireoidiano. No entanto, o TSH se eleva por um estímulo da homeostase ponderal. Hiperleptinemia por aumento da massa adiposa sinaliza suficiência energética, via núcleo arqueado e, posteriormente, núcleo paraventricular (NPV), tendo como resposta maior gasto energético, e essa eferência metabólica se dá pelo aumento de TRH pelo NPV, aumentando o TSH. Esse efeito é revertido após cirurgia bariátrica! Assim, fica claro que se trata de uma adaptação fisiológica.
Devemos considerar a obesidade como um fator de elevação do TSH nos quadros de hipotireoidismo subclínico, além de autoimunidade tireoidiana, e observar o TSH diante da variação do peso, visando melhor individualizar o tratamento.
Thiago Fraga Napoli – clique para ver o CV lattes
Imagem: iStock
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