Saturday, July 27, 2024
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Existe dieta específica para o climatério?

Por Larissa Garcia Gomes , em MENOPAUSA , dia 6 de junho de 2024 Tags:, , ,

No XIII Congresso Brasileiro de Climatério e Menopausa, que aconteceu em maio, em São Paulo, pude dar uma aula para responder à pergunta que dá título a este artigo. Pois vamos a alguns dados.

Sabemos que na transição menopausal são observados aumento de peso, mudança da composição corporal com aumento da gordura abdominal e diminuição da massa magra, com consequente aumento dos fatores de risco cardiovascular. Em todas essas condições, a avaliação e orientação nutricional é imperativa.

Dados do IBGE 2019 demonstram que 73% das mulheres entre 40 e 59 anos têm sobrepeso/obesidade, sendo que 38% têm diagnóstico de obesidade. Logo, o primeiro objetivo para essas mulheres é uma dieta que promova perda de peso significativa. O importante trabalho que avaliou eficácia de perda de peso com diferentes dietas, de Sacks publicado no NEJM em 2009, estudou uma coorte na qual 61% eram mulheres de idade média de 51 anos, e demonstrou que a dieta hipocalórica, independentemente da composição de macronutriente, alcançou uma perda de peso de 7% nos primeiros seis meses, porém teve reganho a partir do 12º mês com resultado de perda de 3% ao final dos 24 meses.

Vale salientar que as mulheres que tiveram maior adesão às consultas foram as que mais perderam peso, confirmando a importância de individualizar a dieta para buscar a adesão.

Mas e com relação à composição corporal?

O SWAN, estudo populacional que acompanha mulheres na transição menopausal, demonstrou que há redução de 0,5% ao ano na massa magra e aumento de 1,7% ao ano na massa de gordura nessa fase. Especula-se que a perda da massa muscular seria decorrente da resistência ao estímulo anabólico para síntese proteica e um aumento do catabolismo proteico por inflamação e estresse oxidativo.

Logo, aumentar a ingesta proteica nessa fase seria benéfico?

O grupo da UFRGS liderado pela Prof.a Dra. Poli Mara Spritzer demonstrou que mulheres com maior consumo de proteína em inquérito alimentar apresentam menor IMC, menor circunferência abdominal, menor porcentagem de gordura e apresentam maior índice de massa muscular. Essas mulheres de maior ingesta proteica têm maior consumo de oligoelementos, frutas, vegetais, leguminosas, carboidratos integrais, derivados de leite, ovos e carnes (especialmente frango e peixe) e praticam mais atividade física.

Em contrapartida, a meta-análise que avaliou suplementação proteica, através de suplementos ou dieta, em indivíduos acima de 50 anos, não encontrou benefício na massa magra, força e performance do exercício. No entanto, fazem uma ressalva que os estudos são muito heterogêneos com relação ao tipo e quantidade da reposição proteica e tempo de seguimento muito curto.

O estudo randomizado do grupo da Prof.a Spritzer não encontrou diferença em relação à composição corporal nas mulheres com ingestão padrão ou aumentada de proteína, mas observou melhora do peso em composição corporal em mulheres com dieta de baixo índice glicêmico. Alguns estudos também encontram uma correlação positiva entre maior adesão à dieta do Mediterrâneo e melhor composição corporal. Portanto uma dieta rica em oligoelementos, frutas, verduras e leguminosas, e pobre em gordura e açúcar tem se associado a melhor composição corporal.

Finalmente, vale ressaltar a perda de massa óssea nessa fase da vida das mulheres e que a ingesta de 1.200 mg de cálcio é necessária nesse período, assim como manter concentrações de vitamina D normais (em torno de 30 ng/dL). A preferência para a aquisição de cálcio é sempre através de cálcio alimentar.

Larissa Garcia Gomes – Clique para ver o CV Lattes

imagem: iStock

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